APLICAÇÃO DE TÉCNICAS VIVENCIAIS EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM (AVA): DRÁCULA SAIU DO TÚMULO
A
aplicação da técnica “Drácula saiu do túmulo”, técnica vivencial que favorece o
processo de ensino aprendizagem teve como princípio norteador o desenvolvimento
das características e o comportamento do empreendedor, face às constantes
mudanças e volatilidade enfrentada nos ambientes organizacionais e no mercado
global. Assim, a técnica buscou avaliar os aspectos de liderança e negociação,
o raciocínio lógico-matemático, habilidade para solucionar problemas,
comunicação e visão, características essas essenciais para a formação do perfil
do empreendedor. Além disso, a técnica oportunizou a integração e ativação do
grupo, que puderam “quebrar o gelo”, normalmente presente em cursos na
modalidade a distância, onde a grande maioria dos alunos não se conhece.
Para
que os resultados esperados com a aplicação da técnica pudessem ser obtidos com
êxito, se fez necessário um alinhamento com o objetivo da disciplina
Comportamento Empreendedor, que é “compreender os principais aspectos
referentes ao comportamento do empreendedor, sua importância no cenário
socioeconômico e o ciclo de vida das organizações” (CAMILOTTI, 2009, p. 5). A
partir dessa integração, foi possível aplicar a técnica, a fim de simular o
comportamento do empreendedor, permitindo aos alunos uma vivência com as
principais características e o perfil do empreendedor.
Segundo Bueno e Lapolli (2001), os
empreendedores possuem cinco características essenciais, que devem ser
trabalhadas para estarem sempre presentes nos indivíduos que buscam um
diferencial: velocidade, polivalência, visão, capacidade de realização e
entender de gente. Essas características citadas foram inseridas no contexto da
técnica do Drácula aplicada aos alunos do MBA em Consultoria Empresarial, pois
são consideradas fundamentais para a formação do comportamento empreendedor. Por
outro lado, Lezana e Tonelli (1998), apresentam quatro características
determinantes para a formação do comportamento empreendedor: necessidades,
valores, habilidades e conhecimentos que complementa as características
trazidas por Bueno e Lapolli (2001).
A
técnica vivencial aplicada aos alunos do MBA em Consultoria Empresarial a
distância foi realizada por intermédio do AVA. Os alunos foram divididos em
dois grupos, sendo que cada grupo elegeu um negociador e um observador. Todo o
processo de comunicação entre negociadores e os integrantes do grupo ocorreu
por meio de ferramentas síncronas e assíncronas disponíveis no AVA. O quadro a
seguir mostra a relação das características do empreendedor segundo Bueno e
Lapolli (2001) com a praticada e assimilada durante a realização da técnica
pelos alunos do curso.
CARACTERÍSTICAS
DO EMPREENDEDOR
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Bueno e Lapolli
(2001)
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Técnica Drácula
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Velocidade: raciocínio rápido e
capacidade de expressar as idéias.
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Velocidade: raciocínio
lógico-matemático, conseguir apresentar a solução do problema com maior
rapidez.
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Polivalência: fácil adaptação a
grupos e novos ambientes.
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Polivalência: conseguir trabalhar
com pessoas desconhecidas e de diversas áreas de atuação/conhecimento.
Utilização da tecnologia para gerenciar o processo de comunicação entre os
membros do grupo.
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Visão: capacidade de imaginar o
futuro.
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Visão: capacidade de compreensão, análise,
avaliação e ação sobre um desafio/situação proposta, buscando sempre
visualizar o futuro.
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Capacidade de realização:
capacidade de realizar o que foi planejado.
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Capacidade de realização: realizar
o que foi planejado para a conclusão da tarefa.
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Entender de gente: habilidade de
lidar com pessoas, de se relacionar dentro e fora da organização.
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Entender de gente: pode ser
considerada a principal característica do empreendedor, ter habilidade para
se relacionar com as pessoas do grupo, buscando extrair o conhecimento de
cada membro a fim de encontrar a solução do problema.
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Essa relação estabelecida entre as
características difundidas pelos autores Bueno e Lapolli (2001) com as
características apresentadas durante a aplicação da técnica vivencial foram
aceitas e compreendidas pelos alunos do curso, indo ao encontro do objetivo da
atividade e da disciplina, além de proporcionar o desenvolvimento do
comportamento empreendedor.
De acordo com Dolabela (1999), as
características e o comportamento do empreendedor podem ser adquiridos e
desenvolvidos e, apesar de ainda não ser possível garantir sucesso às pessoas
que as tenham, pode-se dizer que aqueles que as possuem poderão ter mais
chances de serem bem-sucedidos. Ainda segundo o autor, alto nível de energia e
forte comprometimento são algumas das qualidades comuns nos empreendedores.
Porém, salienta que assim como são diferentes os estilos pessoais, também são
diferentes os perfis dos empreendedores.
Compreender
o perfil e comportamento do indivíduo empreendedor e sua relação com a
organização que construiu é de suma importância para aqueles que buscam
trabalhar com essas pessoas (CAMILOTTI, 2009). Por isso, a necessidade de
vivenciar essa realidade por meio da aplicação de uma atividade simulada,
tornando o aprendizado dos alunos mais eficaz e ao mesmo tempo interativo e
estimulante, aliado ao uso da tecnologia e suas ferramentas colaborativas.
As
ferramentas colaborativas utilizadas na educação a distância são fundamentais
para a inserção das práticas vivenciais, pois possibilitam uma aprendizagem
colaborativa, na qual alunos ajudam-se no processo de aprendizagem, atuando
como parceiros entre si e com o professor-tutor, com o intuito de adquirir
conhecimento sobre um dado objeto (CAMPOS et
al., 2003).
Nesse
sentido, a proposta pedagógica do curso MBA em Consultoria Empresarial visa
proporcionar um aprendizado flexível, basicamente realizado a distância, por
intermédio do AVA. Sua estrutura baseia-se no incentivo ao aprendizado
interativo, cooperativo/colaborativo e na auto-aprendizagem, proporcionando uma
aprendizagem significativa (VIEIRA et al.,
2009). Esse processo de aprendizagem consente a aplicação de técnicas
vivenciais, permitindo a compreensão dos conceitos teóricos abordados, sua
aplicação à realidade, bem como organizar e relacionar o novo com o antigo
conhecimento.
Por
fim, vale ressaltar, a importância da aplicação de técnicas vivenciais em
cursos de pós-graduação a distância, por meio da utilização de ferramentas
colaborativas e de uma proposta pedagógica que vá ao encontro das necessidades
e ensejos de um aprendizado significativo, interativo e colaborativo, buscando
simular a realidade vivenciada pelos indivíduos e organizações. Na técnica
apresentada neste trabalho, foi possível compreender sua importância para o
atendimento do objetivo da disciplina, que era desenvolver o comportamento
empreendedor dos alunos do curso. Assim, entende-se que a aplicação de técnicas
vivenciais aliadas a utilização da tecnologia torna-se uma estratégica
pedagógica fundamental para os cursos na modalidade a distância, pois além de
proporcionar uma integração e aquecimento do grupo, é possível viver uma
realidade não muito distante.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
BUENO, J. L. P.; LAPOLLI, É. M.. Vivências Empreendedoras: empreendedorismo tecnológico na educação. Florianópolis: UFSC - FAPEU, 2001.
CAMILOTTI, Luciane. Comportamento empreendedor. Florianópolis: SENAI/SC Florianópolis, 2009.
CAMPOS, F. C. A. et al. Cooperação e aprendizagem online. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
DOLABELA, F. Oficina do empreendedor: a metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. São Paulo: Cultura, 1999.
LEZANA, A. G. R., TONELLI, A. O comportamento do empreendedor. In: De MORI, F. (org.). Empreender: identificando, avaliando e planejando um novo negócio. Florianópolis: Escola de Novos Empreendedores, 1998.
VIEIRA, D. C. et al. Guia do professor-tutor. Florianópolis: SENAI/SC DR, 2009.
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